"Crimes exemplares".
Gosto de ler... tenho "toneladas" de livros ainda por ler acomodados/acumulados da forma possível no meu quarto (sinceramente... preciso de uma casa, já começam a ser coisas a mais). Um dos livros que maiores "vergonhas" me fez passar (porque estava dentro de um centro comercial às gargalhadas) foi o "crimes exemplares" de Max Aub. Este pequeno livro tem no seu interior pequenas confissões de pessoas que se tornaram assassinos pelas razões mais disparatadas... como por exemplo... não gostarem da maneira como alguém mexia o café ou porque alguém falha um remate no futebol. Porque foi que me lembrei disto? Simples...
Dá que pensar sobre a imprevisibilidade, e o quão ténue é o equilíbrio da mente humana.
"Começou a mexer o café com leite com a colherzinha. O líquido quase transbordava da chávena empurrado pelo movimento do utensílio de alumínio (...). Ouvia-se o barulho do metal contra o vidro. Tim, tim, tim, tim. E o café com leite girava, girava com uma cova no meio. Um maelstrom. E eu encontrava-me mesmo à frente. O café estava à pinha. O homem continuava a mexer, a mexer, imóvel, e sorria ao olhar-me. Senti uma coisa subir por mim acima. Fitei-o de tal maneira que se viu na obrigação de se explicar:
- O açúcar ainda não está derretido.
Para mo provar, bateu com a colher várias vezes no fundo do copo. Recomeçou a mexer metodicamente a beberagem, com a energia redobrada. Voltas e mais voltas, sem parar, eternamente. Voltas e mais voltas e mais voltas. E continuava a olhar para mim sorrindo. Então puxei da pistola e disparei."
Dá que pensar sobre a imprevisibilidade, e o quão ténue é o equilíbrio da mente humana.
"Começou a mexer o café com leite com a colherzinha. O líquido quase transbordava da chávena empurrado pelo movimento do utensílio de alumínio (...). Ouvia-se o barulho do metal contra o vidro. Tim, tim, tim, tim. E o café com leite girava, girava com uma cova no meio. Um maelstrom. E eu encontrava-me mesmo à frente. O café estava à pinha. O homem continuava a mexer, a mexer, imóvel, e sorria ao olhar-me. Senti uma coisa subir por mim acima. Fitei-o de tal maneira que se viu na obrigação de se explicar:
- O açúcar ainda não está derretido.
Para mo provar, bateu com a colher várias vezes no fundo do copo. Recomeçou a mexer metodicamente a beberagem, com a energia redobrada. Voltas e mais voltas, sem parar, eternamente. Voltas e mais voltas e mais voltas. E continuava a olhar para mim sorrindo. Então puxei da pistola e disparei."
13 Reparações:
é ténue o equilibrio da tua mente??? lol
ainda bem que isto é virtual!
"este comentário irrita-me! pum!"
e eu já tinha morrido quantas vezes!!!!!!!!
hehehehehe
Esse conto é teu, não é? Inspirado no Max (Maxmiliano, Max prós amigos), mas situação criada por ti e muito bem!... Há tantas situações em que a mente se desequilibra!...
joana:
O texto não é meu, é um excerto do livro.
pássara:
Vou der se encontro esse livro... com trechos assim... fará a restante obra ;) Agradeço desde já a "dica".
semcantigas:
Não me posso dar a esse "luxo"... e certamente não terias morrido, isto são alfinetadas.
oh, me:
O homem não estava identificado, mas quem tem uma saída destas... pode ter dezenas de estórias "caricatas", é só dar-lhes "tempo".
lélé:
Lamentavelmente é do próprio Max Aub, é somente uma das histórias que ficou registada na memória... porque eu adoro café. Agora quando bebo café tenho sempre em atenção se não estarei a ser observado... nunca se sabe!
Se ele tivesse usado aquele "comprimido" de adoçante seria mais rápido a mexer o café...já o outro não o mataria.E daí...se calhar mataria por ter sido demasiado rápido a mexer o adoçante..quiçá!
Pelo sim pelo não, como sou medricas,não bebo mais café em público...nunca se sabe!
ahaha.. é o maior! tb vou matar a proxima pessoa que vir a estalar a pastilha elastica! :o
lélé... acho que criámos um monstro!
Spitfire, o que é preciso é deixarmos sair o monstro que há dentro de cada um de nós e deixar espaço pró que não é monstro... Mas acho que os dois juntos têm o seu encanto!...
Prefiro ter o meu bem escondido... fechado... acorrentado... já o vi... e passava bem sem o ter visto.
ui! mostra! mostra!
então o monstro???
Está "fechado" dentro de um armário no sotão.
mmm é perigoso?
Desconcertante não é suficiente para descrever o "Crimes Exemplares". E uma viagem contínua pelo catálogo da Antígona é aconselhável.
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